sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

"Pelo amor de Deus, o carro é meu"

As dores diminuíram, mas nesta quarta-feira (19) o segurança e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana recebeu uma má noticia do dentista: as agressões afetaram o maxilar. Ele conta que foi espancado por seguranças do supermercado Carrefour, em Osasco, na Grande São Paulo, ao ser confundido com um assaltante. Segundo ele, os agentes acharam que Santana queria roubar uma moto e o próprio carro onde estava.
   A polícia de São Paulo abriu inquérito para investigar o caso. E a direção do supermercado afastou da função o segurança responsável pela agressão, que é funcionário de uma empresa terceirizada.
  O caso ocorreu no dia 7 deste mês. Santana estava dentro de sua EcoSport no estacionamento do mercado porque a filha dormia no banco de trás. Enquanto isso, a mulher fazia compras. Segundo ele, um homem armado se aproximou. Era um segurança do Carrefour, mas a vítima afirma que ele não estava de uniforme e não se identificou. Os dois lutaram e outros seguranças apareceram. Santana foi levado para uma sala e espancado.

Ele disse que eu estava roubando carro e me bateu. "Pelo amor de Deus, o carro é meu", teria dito o homem, enquanto era agredido. "Ele não queria saber não”, relatou a vítima. Ele disse que as agressões só pararam com a chegada de um policial militar, mas, mesmo assim, continuou a ser humilhado.

“Você tem cara de quem tem passagem (pela polícia). No mínimo, umas 3 passagens. Tua cara não nega , negão”, afirmou Santana, reproduzindo o que teria dito um dos homens. A Polícia Militar disse, em nota, que não compactua com nenhum tipo de discriminação e que instaurou um procedimento para averiguar o fato.

Também em nota, o grupo Carrefour diz que repudia qualquer forma de agressão ou desrespeito. E que vai colaborar com a polícia, além de esperar que os responsáveis sejam “rigorosamente punidos”.

Santana disse que foi vítima de racismo e pretende entrar na Justiça. A mulher dele tem outra preocupação: o futuro dos filhos. “Pode acontecer com eles também porque eles são negros. E isso me dói. Acho que o negro não pode viver, não pode ter os seus bens conquistados e me deixa muito ferida”, contou Maria dos Remédios, chorando.

Fonte: http://g1.globo.com/

Um comentário: