domingo, 11 de dezembro de 2011

Robert Johnson - Conversando com o diabo


Era quase meia noite, Robert partira para Clarksdale numa encruzilhada da rodovia 61 com a 49 levando consigo uísque adulterado e sua Dobro 1927 californiana com velhas cordas oxidadas a ponto de rasgar os dedos. A fumaça de seu Lucky Strike Bull´s Eyes cortava o espaço nebuloso quando um bend escandaloso fora cuspido de uma velha gaita cromada. Era Thomaz.
Robert continuara a estória assegurando que quando desejou seguir Son House por Robunsonville este o esnobou certa vez num café ao lado de Willie Brown, “Aquilo nunca foi nem será blues, ele veio me procurar, disse que me seguiria onde eu fosse, coitado, o garoto não tem talento Wil.”
O final todos conhecem, Thomaz toma o violão empenado de Johnson e o afina um tom abaixo, a tensão das cordas se foi e o que ouvi depois foi um mi maior afrouxado seguido de uma pegada densa, arrastando um riff pesaroso caindo para um lá maior, tensa mas singela, o contraste da chegada na quinta da harmonia foi um repouso melódico para depois voltar com mais vivacidade na nota principal. Nada de solos impertinentes, obviedade na execução. Tocava como um demônio!

                                                                                                                   Samuel Peregrino
Melanoise!

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